Vanise Rezende - clique para ver seu perfil

CAMINHOS DE SE ENCONTRAR

18 julho, 2014


Tenho dedicado parte de meu tempo a ajuntar os retalhos da vida – fotos e rabiscos de quase meio século. Hoje encontrei um texto do meu companheiro de tantos anos, que já fez sua viagem ao coração de Deus. Um registro que agora partilho neste espaço:


"A comunhão entre duas pessoas não é um produto, é um acontecimento. A primeira condição para que essa comunhão aconteça, é que uma das pessoas que ama consiga viver, na centralidade, a sua solidão. Viver é, simplesmente, estar só.

A segunda condição é que a pessoa que ama, ame gratuitamente: No amor, o que vale é amar. [i]. A terceira condição, é que aconteça que a pessoa amada também proceda assim – na sua solidão e no amor sem interesse."


'A graça de se achar, de flutuar sem ansiedade, nas ondas da vida, a graça de se sentir viver, acontece quando você se abre, gratuitamente, para a vida – e isso surpreendentemente, também é graça'.(ii)  

No linguajar saboroso e único adotado por João Guimarães Rosas, no romance Grande Sertão: Veredas, ele afirma: “Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de  a gente perdidos no vai-e-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se pode facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença nenhuma! Porque existe dor”. (iii)





Para estar com Deus  - concluo, agora - a gente precisa, antes de tudo, buscar os caminhos de se encontrar. E a gente só se encontra na relação entre as pessoas.  O amor a Deus é um convite a cada um, de acolher a diferença do outro no gesto solidário da reciprocidade  o dar e o receber, como um dom recíproco.  É nesse gesto que se aprende a reconhecer o outro como o diferente de mim, a ser amado e respeitado.

Viver a solidão seria, então, o exercício contínuo de navegar para dentro de si , e aprender a olhar o outro sem a poluição do preconcebido, do pressentido. Uma solidão ativa, mobilizadora, que, ao tempo em que renova, abre  o caminho em direção ao outro.    



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[i] Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
[ii] No texto não há registro autoral.
(iii) Grandes Sertões: Veredas. Ed. Nova Fronteira, Biblioteca do Estudante. Rio de Janeiro-RJ, 2010, p.60.


Crédito Imagens - arquivo privado.

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